Por Paulo Nunes Batista
Acredito que
Elysium não é o típico filme que satisfaz o gosto de um público cujo perfil é ter
no cinema um meio de puro entretenimento. Contudo, por mais alienado que um ser
humano consiga ser, não há como deixar a sessão sem o desconfortável pensamento
de que existe, realmente, algo de muito podre no reino da Dinamarca.
Arrisco dizer
que o diretor Neil Blomkamp tem se tornado um cineasta de distopias, assim como
George Orwell, ou Aldous Huxley, foram na literatura. Quem assistiu o
impactante “Distrito 9”
sabe do que estou falando. Elysium é uma ficção cientifica, nem de longe lembra
outras obras do gênero, como 2001: Uma
Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick, ou os filmes das séries Guerra nas Estrelas e Jornada nas Estrelas. Aqui não há
espaço para fabulas e o futuro não é um sonho dourado.
Esta obra
traz uma critica social contundente a respeito dos rumos do mundo globalizado,
com uma perspectiva claramente Marxista. Questões como a desigualdade social e
a “robotização” do homem contemporâneo estão no centro dos conflitos
protagonizados pelos privilegiados cidadãos de Elysium, um satélite artificial
criado por uma elite corporativa no intuito de preservar o seu modo de vida e
manter o controle do capital e dos meios de produção, e a miserável população
da Terra cuja única motivação que lhes resta é trabalhar e alimentar o sonho
de, quem sabe um dia, ascender aos céus e “comprar” o seu lugar entre os eleitos.
No
comportamento dos personagens, interpretados por um time de atores de primeira,
como Matt Damon, Judie Foster, Vagner Moura, Alice Braga e Sharlito Copley (o
Wikus van de Merwe, de Distrito 9), temos a reprodução de padrões de comportamento
e valores bastante em voga nos nossos dias. Do pragmatismo de Spider (Vagner
Moura) e a da secretaria de defesa Delacourt (Judie Foster) à alienação de Max
da Costa (Matt Damon). Da violência insana de Kruger (Sharlito Copley) ao amor
incondicional de Frey (Alice Braga). Elysium,
assim como foi Distrito 9, é um filme
provocativo e, provavelmente para os mais sensíveis, pesado. Contudo é filme
que deve ser apreciado e levando muito a sério, especialmente pela sua
verossimilhança.
Elysium (Elysium, 2013 / EUA)
Direção: Neill Blomkamp
Roteiro: Neill Blomkamp
Com: Matt Damon, Jodie Foster, Wagner Moura, Alice Braga, Sharlto Copley
Duração: 109 min
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Comente aqui se achou legal o post