segunda-feira, 23 de setembro de 2013

ELYSIUM

Por Paulo Nunes Batista

Acredito que Elysium não é o típico filme que satisfaz o gosto de um público cujo perfil é ter no cinema um meio de puro entretenimento. Contudo, por mais alienado que um ser humano consiga ser, não há como deixar a sessão sem o desconfortável pensamento de que existe, realmente, algo de muito podre no reino da Dinamarca.


Arrisco dizer que o diretor Neil Blomkamp tem se tornado um cineasta de distopias, assim como George Orwell, ou Aldous Huxley, foram na literatura. Quem assistiu o impactante “Distrito 9” sabe do que estou falando. Elysium é uma ficção cientifica, nem de longe lembra outras obras do gênero, como 2001: Uma Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick, ou os filmes das séries Guerra nas Estrelas e Jornada nas Estrelas. Aqui não há espaço para fabulas e o futuro não é um sonho dourado.

Esta obra traz uma critica social contundente a respeito dos rumos do mundo globalizado, com uma perspectiva claramente Marxista. Questões como a desigualdade social e a “robotização” do homem contemporâneo estão no centro dos conflitos protagonizados pelos privilegiados cidadãos de Elysium, um satélite artificial criado por uma elite corporativa no intuito de preservar o seu modo de vida e manter o controle do capital e dos meios de produção, e a miserável população da Terra cuja única motivação que lhes resta é trabalhar e alimentar o sonho de, quem sabe um dia, ascender aos céus e “comprar” o seu lugar entre os eleitos.


No comportamento dos personagens, interpretados por um time de atores de primeira, como Matt Damon, Judie Foster, Vagner Moura, Alice Braga e Sharlito Copley (o Wikus van de Merwe, de Distrito 9), temos a reprodução de padrões de comportamento e valores bastante em voga nos nossos dias. Do pragmatismo de Spider (Vagner Moura) e a da secretaria de defesa Delacourt (Judie Foster) à alienação de Max da Costa (Matt Damon). Da violência insana de Kruger (Sharlito Copley) ao amor incondicional de Frey (Alice Braga). Elysium, assim como foi Distrito 9, é um filme provocativo e, provavelmente para os mais sensíveis, pesado. Contudo é filme que deve ser apreciado e levando muito a sério, especialmente pela sua verossimilhança.



Elysium (Elysium, 2013 / EUA)
Direção: Neill Blomkamp
Roteiro: Neill Blomkamp
Com: Matt Damon, Jodie Foster, Wagner Moura, Alice Braga, Sharlto Copley 
Duração: 109 min




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