Assistimos ontem ao filme "Meia noite em Paris" do velho Woody Allen. Confesso que sai do cinema pensando o seguinte: Mesmo quando Woody tenta fazer um filme ruim, ele faz um filme bom.
Porque isso? Aparentemente a produção é uma daquelas que se dedicam a mostrar o lado turístico de uma cidade, com belas imagens da capital francesa e com uma ponta da primeira dama do país. Todos os requisitos para se pensar que o filme é uma propaganda descarada de Paris, MAS, Woody Allen nos surpreende com uma trama psicológica, nos questionando sobre a real validade dos nossos desejos.
Guil é um roteirista e um quase escritor frustado, que tem tudo na vida: Vai se casar com uma gata rica, é um profissional reconhecido em Hollywood, mas que gostaria que sua vida fosse em um passado distante nos anos 20 do século passado e ainda mais em Paris.
Este apego a um passado não vivido o prende para viver o próprio presente, de buscar seus sonhos e realizar seus planos. Viver nos anos 20 seria para ele uma graça em uma época na qual ele se identifica mais do que seu próprio tempo.
A teoria de Allen no filme remete a um filme do próprio chamado "A Rosa púrpura do Cairo" e nos faz refletir em que medida não estamos querendo mascarar nossa vida, nos apegando a realidades fora da nossa própria realidade. Seja copiando os astros ou sendo um nostálgico de algo que não vivemos.
Vale a pena conferir e tirar as conclusões sobre os questionamentos do velho Woody Allen.
Assisti neste dias "Quanto dura o amor?" no Canal Brasil. Lembro dos comentários do filme no Festival de Paulínia em 2009, mas ainda não havia assistido.
Fato é que para meus olhos o filme é simples, mas trabalha algo que eu me amarro muito que é mostrar São Paulo através da história de vida dos personagens, alocando-os no seio da cidade e de suas "belezas particulares". Creio que se explique um pouco disso por conta do roteiro de Roberto Moreira Anna Muylaert.
Uma atriz amadora deixa a sua cidade no interior e vai se aventurar na selva paulistana onde vai morar com uma advogada com certo sucesso, mas que esconde um segredo do qual ainda encara-se com preconceito diante da sociedade.
As duas moram no mesmo prédio de um escritor frustado, com problemas de relacionamentos, (talvez isso seja um pleonasmo...rsrs). Durante a trama estes três personagens envolvem-se em relacionamentos próprios de uma cidade como São Paulo: aventuras frágeis, que misturam um certo sentimento não correspondido, mas com intensidade suficiente para machucar os envolvidos.
Quase que em um segundo plano, Roberto Moreira (diretor e roteirista) trata dos tabus sociais que se acumulam na sociedade, mesmo em uma metrópole onde a vanguarda social mostra-se mais presente. Trata-se aqui de discutir questões como fidelidade, homossexualismo, fantasias, acompanhadas ainda de situações nas quais os personagens se veem obrigados a decidir sobre sua carreira, suas paixões e seus sonhos.
Quanto dura o amor é um filme curto, não genial, mas é um daqueles filmes que me atrairam pela possibilidade de mesclar o ambiente da história com as questões pessoais.
Ficha Técnica
título original:Quanto Dura o Amor? gênero:Drama duração:1 hr 23 min ano de lançamento: 2009 estúdio: Coração da Selva distribuidora: Pandora Filmes direção: Roberto Moreira roteiro: Roberto Moreira e Anna Muylaert, baseado em argumento de Sílvia Lourenço e Geórgia Costa Araújo